Grafite
Por muito tempo visto como um assunto irrelevante, o grafite é hoje considerado, conforme o ponto de vista, como contravenção ou como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais - mais especificamente, da street art ou arte urbana - em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. A partir da revolução contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, diferentes tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas ad nauseam, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte. Os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip hop, e a variados graus de transgressão.

Mas o que significa grafite hoje? Um movimento? Uma forma de expressão artística? Um elemento do hip hop?
Nenhuma das alternativas pode ser descartada. O grafite pode ser considerado um movimento, se analisado do ponto de vista de protesto e crítica social. Pode ser considerado arte de rua, se pensarmos em termos plásticos, e ainda um elemento do hip-hop, visto que o grafite moderno surgiu por volta da década de 70 no Bronx, bairro de população negra nova-iorquino, como uma forma de comunicação entre membros de uma mesma gangue ou registro de indignação frente ao preconceito e as injustiças sociais. Assim como o break o MC e o Dj, o grafite integra a cultura de periferia.
Grafite X Arte de Rua X Picho
Na opinião do grafiteiro Rui Amaral “grafite só é grafite se for ilegal, ou seja, não autorizado”, defende. Para ele, quando a pintura é feita com permissão, trata-se de arte de rua. “O grafite tem o papel de contestação, de crítica social”, acrescenta Rui, “e só tem esse sentido quando transgride normas”, detalha.
É por isso que dizem que o verdadeiro grafite contemporâneo é a pichação. O picho, como é denominado o resultado da prática de escrever com spray em espaços públicos urbanos, por permanecer ilegal, preserva o espírito de aventura e a necessidade de fazer crítica social.
No entanto, sabemos que o resultado da pichação não é benéfica para a cidade, ao contrário do grafite, que contribui para o embelezamento das metrópoles e para a popularização das artes visuais, que desta forma não mais fica restrita a espaços fechados e elitizados, como os museus. Da forma com tem sido feita hoje, cada vez mais sofisticadas e complexas, a pintura de espaços públicos são verdadeiras composições.
Desta forma é possível concluir que, por ser acessível a toda a população, o grafite – permitido ou não – é uma forma poderosa de comunicação, expressão e divulgação de idéias. Sabemos que, com o passar do tempo, o grafite vem conquistando cada vez mais espaço, podendo até ser considerado parte das artes visuais, ou seja, mais uma forma de expressão artística como a escultura, a pintura e a gravura.